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terça-feira, 10 de abril de 2012

O filho de Mira

Conto: Noé Maia

MIRA teve uma infância muito sofrida, além de ter sido doada antes de completar três meses de idade a uma família de classe média da segunda cidade mais importante do Triângulo Mineiro.
Hoje não se sabe ao certo quantos filhos ela teve, porque alguns morrem muito jovens.
TASK, o último a nascer dos trigêmeos que interrompeu a seqüência de vários partos.
Franzino, sempre perdia para os outros irmãos tudo que disputavam, principalmente, comida.
Certo dia, Dona ELZA, fazendeira e de bom coração, sensibilizou-se com o sofrimento de TASK e propôs adotá-lo. Tudo acertado, o jovem TASK ganhou uma nova residência. Sentiu muito a falta da família durante a noite, acostumado a dormir amontoado com seus irmãos e mãe, uns aquecendo os outros.
Na fazenda, durante o dia brincava, corria atrás das galinhas, porcos, e às vezes sujeitava aos coices dos animais de sela.
TASK foi crescendo e se fortalecendo com a farta alimentação: leite, carne e comida preparada na banha de porco. Já na adolescência demonstrava disposição em proteger os interesses da proprietária e tinha muito ciúmes dela que sempre o acariciava, mas quando julgava necessário aplicava-lhe alguns castigos, inclusive chicotadas. Mas isso não diminuía a sua gratidão pela adotante. Essa gratidão e sentimento de responsabilidade pelos interesses da fazendeira lhes custaram muito caro.
Num Sábado, dona ELZA foi para a cidade assistir ao casamento de um parente.
Aproveitando a ausência da proprietária, malandros armados arrombaram a sede para roubar.
Embora corajoso e ágil, estava sozinho, e ao enfrentar os bandidos levou um tiro certeiro no meio da testa, tombando morto.
Ao chegar, por volta de meia noite daquele mesmo Sábado, dona ELZA estranhou de TASK não ter ido ao seu encontro recepcioná-la como de costume. Ao aproximar-se da porta da sala deparou com o corpo do jovem sem vida, esticado no chão. O seu desespero evidenciava o quanto ela estimava e gostava de TASK, o fiel amigo além melhor e mais corajoso cão vira-lata que até então tivera na sua fazenda.

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